quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Guerra e Cinema


Livro em português de Paul Virilio - Guerra e Cinema (orig. 1984).

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

A bomba informática


Livro (em inglês) de Paul Virilio - The Information Bomb (orig. 1998).

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

sábado, 18 de dezembro de 2010

Formação da Classe Operária Inglesa


Livro clássico de E. P. Thompson - The Making of the English Working Class (originalmente publicado em 1963) [djvu]

terça-feira, 2 de novembro de 2010

A Ideologia da Estética


Livro (em inglês) de Terry Eagleton - The Ideology of the Aestehtic [pdf].

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

João Bernardo



Link para alguns escritos do autor, inclusive os livros "Transnacionalização do capital e fragmentação dos trabalhadores", "Democracia totalitária" e "Labirintos do Fascismo".

Ensaio sobre sua formação intelectual e política.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

As Variações Hegel


Livro (em inglês) de Fredric Jameson - The Hegel Variations: On the Phenomenology of Spirit (2010). [pdf]

sábado, 14 de agosto de 2010

Nadja


Livro (em francês) de André Breton - Nadja (originalmente publicado em 1928) [pdf]. Link alternativo.

sábado, 7 de agosto de 2010

Quem pensa não se enfurece



Documentário (em alemão) sobre Theodor W. Adorno, produzido em 2003 - Wer denkt, ist nicht wütend [59 min]

sábado, 31 de julho de 2010

Materialismo Dialético


Livro (em inglês) de Henri Lefebvre - Dialectical Materialism [pdf].

quarta-feira, 21 de julho de 2010

A Visão em Paralaxe


Livro (em inglês) de Slavoj Žižek - The Parallax View [pdf].

terça-feira, 20 de julho de 2010

Problemas de Filosofia Moral [link renovado]



Livro (em inglês) de Theodor W. Adorno - Problems of Moral Philosophy [djvu]. [4shared]

sábado, 26 de junho de 2010

Marxismo e Literatura


Livro (em inglês) de Raymond Williams - Marxism and Literature (1977) [pdf].

sábado, 12 de junho de 2010

Metafísica


Livro (em inglês) de Theodor W. Adorno - Metaphysics: Concepts and Problems [djvu].

sábado, 29 de maio de 2010

Outra entrevista de Beatriz Sarlo


Entrevista com Beatriz Sarlo (Tempo Social, 2009). Também em pdf.

sábado, 22 de maio de 2010

O curioso realista


Siegfried Kracauer

Ensaio (em português) de Theodor W. Adorno - O curioso realista [pdf, 4shared].

Correspondência de Adorno e Siegfried Kracauer. [pdf, 4shared]

Entrevista de Ismail Xavier sobre Kracauer.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Rimbaud - Une saison en enfer

Sangue ruim


Tenho de meus ancestrais gauleses o olho azul claro, a cabeça dura e a pouca inclinação para a luta. Meus trajes me parecem tão bárbaros quanto os deles, mas eu não besunto de banha minha cabeleira.

Os gauleses eram os mais inaptos despeladores de animais, os mais ridículos queimadores de grama de sua época.

Deles eu herdei a idolatria e o amor ao sacrilégio; - oh! todos os vícios, ira e luxúria - magnífica, a luxúria; - mais que tudo, o perjúrio e a preguiça.

Tenho horror aos ofícios. Mestres, trabalhadores e camponeses, todos uns ignóbeis! A mão na pena bem vale a mão na carroça - Que século pródigo de mãos! - Eu jamais estenderia a minha mão. Afinal, a domesticidade leva longe demais. A honestidade da mendicância me embaraça. Os criminosos são de revirar o estômago tanto quanto os castrados (eu, de minha parte, estou intacto, o que para mim tanto faz).

E no entanto! quem terá feito de minha língua algo tão pérfido a ponto de resguardar e conduzir até aqui esta minha preguiça? Sem ao menos me permitir que eu viva de meu corpo e mais inativo que um sapo, eu vivo por aí. Não há nenhuma família na Europa que eu não conheça. - famílias como a minha, que modelam-se segundo a Declaração dos Direitos do Homem. Eu conheci cada filho de família!


****


Ah, se eu tivesse antecedentes em um ponto qualquer da história da França!

Mas não, nada disso.

Cá com meus botões, é bem óbvio que eu sempre fui raça inferior. Eu não pude compreender a revolta. Jamais minha raça se lançou à pilhagem - como os lobos à presa que eles pouparam.

Repasso em lembrança a história da França, primogênita da Igreja. Vilão, eu teria partido à terra santa; trago na cabeça as rotas das planícies suábias, vistas de Bizâncio, as muralhas dos Sólimos; o culto de Maria, - em mim o compadecimento pelo crucificado desperta por entre enlevos profanos - estou sentado sobre urtigas e cacos de jarros espatifados, um leproso ao pé do muro roído pelo Sol. - Mais tarde, cavaleiro teutônico, eu bivacaria sob as noites d'Alemanha.

Ah!, eu danso o sabá numa clareira rubra com velhas e crianças.

Minha memória não me leva muito além desta terra e do cristianismo. Eu me observaria a não mais poder no passado. Mas sempre só; sem família; falando às pedras em todas as línguas. Jamais me vejo nos conselhos de Cristo; nem nos conselhos dos Senhores - os representantes do Cristo.

Que era eu no último século?: não me encontro em outro tempo que não este aqui. Vagabundos demais, guerras vagas demais. A raça inferior tudo recobriu - o povo, como se costuma dizer, a razão; a nação e a ciência.

Oh!, a ciência! Tudo já retomamos. Para o corpo e para a alma, - o viático, - temos a medicina e a filosofia, - os remédios das senhoras caridosas e as canções populares bem marteladas. Os folguedos dos príncipes e os brinquedos que eles proibiam! Geografia, cosmografia, mecânica, química!...

A ciência, a nova nobreza! O progresso. Assim caminha a humanidade! Afinal, por qual bom motivo o mundo deixaria de rodar?

É a sublime visão dos números. Vamos, sigamos em marcha rumo ao Espírito! É muito provavelmente certo, é oracular o que eu digo. Compreendo tudo e, em não poder me explicar com palavras pagãs, eu preferiria me calar.


*****


O sangue pagão ressuma! O Espírito está próximo. Por que o Cristo não acorre, não estende a mão à minha alma, nobreza e liberdade? Ai de mim! O Evangelho se foi! O Evangelho! O Evangelho.

Em Ti espero com glutonia! Sou raça inferior para toda a eternidade.

Eis-me aqui nas praias armoricanas. Que as cidades se iluminem ao cair da tarde. Minha jornada está cumprida; eu deixo a Europa. A maresia queimará meus pulmões; as paragens mais recônditas me bronzearão. Nadar, pisar a relva, caçar, sobretudo fumar; beber licores fortes como o metal liquefeito, borbulhante - tal qual faziam meus queridos ancestrais ao redor das fogueiras.

Quando eu voltar, terei membros de ferro, a pele escura, os olhos em fúria: sob minha máscara, hão de me considerar raça forte. Nadarei em ouro: serei ócio e brutalidade. As mulheres pajeiam esses ferozes enfermos egressos de países quentes. Me embrenharei na política, estarei salvo.

Agora sou maldito, tenho horror à patria. O melhor é mesmo um sol ébrio queimando as ervas daninhas sous le pavé.


****


Não partimos - Retomemos nossos caminhos daqui, munidos de meu vício, o vício que fez abrir em flor essas raízes de sofrimento, desde a idade da razão - que sobe aos céus, me arrebenta, me derruba, me arrasta.

A última inocência e a última timidez. Está dito. Não atribuir ao mundo meus desgostos, minhas traições.

Vamos! A marcha, o fardo, o deserto, o tédio e a cólera.

A quem hei de louvar? A qual besta devo adorar? Qual santa imagem é preciso atacar? Quais corações arrebentar? Qual mentira devo perseguir? - Passar imperturbável... sobre qual sangue?

Acima de tudo reguardar-se da justiça - a vida dura, o embrutecimento puro e simples - erguer, o punho exangue, o tampo do caixão; acomodar-se, sufocar-se. Assim, sem um pingo de velhice ou de perigo: o pavor não é lá muito francês.

Ah! Estou a tal ponto desenganado que ofereço arroubos de perfeição a imagens divinas quaisquer.

Oh, minha abnegação; oh, minha maravilhosa caridade! ao rés do chão, no entanto!
De profundis Domine, como sou besta!



****


Pequeno de tudo, eu já admirava o forçado intratável trancafiado sempre nas galeras; eu visitava os armazéns e as guarnições que ele sagrava em sua estadia; eu o via em ideia destacando-se do céu azul e do trabalho florescente nos campos; eu farejava os rastros de sua fatalidade cidade adentro. Mais forte que um santo, mais sensato que o mais experiente dos viajantes - ele, ele apenas! como testemunha de sua própria glória e razão.

Nas estradas, sob as noites de inverno, aos farrapos, sem mansarda, sem pão, uma voz estreitando meu coração enregelado: "Força ou debilidade: eis tu, isto é força! Não sabes para onde vais nem por quê, penetras todos os lugares, respondes a tudo. E não estarias mais assassinado se fosses cadáver". Na manha seguinte, estavam meus olhos tão perdidos e meus contornos tão apagados, que os que passaram por mim talvez não me tenham visto.

Nas cidades a lama me parecia de repente vermelha e negra, como a vidraça que a luz da lamparina em movimento acende e apaga, como um tesouro no bosque! Boa sorte, eu gritava, e via um mar de chamas e de fumaça nos céus; e à esquerda, e à direita, todas as riquezas crepitando como um milhão de raios.

Mas a orgia e a companhia das mulheres me haviam proibido. Sequer um companheiro. Eu me via diante de uma multidão exasperada, diante do pelotão de execução, chorando e perdoando uma desdita que eles jamais poderiam compreender! - Como Joana D'Arc! -"Padres, professores, mestres, enganai-vos em submeter-me à justiça. Jamais pertenci a esta gente; jamais fui cristão; sou da raça dos que cantavam durante o suplício; eu não compreendo as leis; falta-me um pingo que seja de senso moral; sou um bruto: enganai-vos". Sim, eu tenho olhos fechados à vossa luz. Eu sou uma besta, um negro. Mas posso ser salvo; enquanto vós, vós sois falsos negros - vós maníacos, vós ferozes, vós avaros. Mercador, és negro; magistrado, és negro; general, és negro; imperador, velha degustação, és negro: tu bebeste de um licor não taxado da bodega do diabo - Este povo é inspirado pela febre e pelo câncer. Enfermos e velhos caquéticos são tão respeitaveis que é como se pedissem para serem desmanchados em água fervente - Astúcia seria deixar para trás este continente, onde a loucura vai à luta para prover de reféns esses miseráveis. Eu adentro o verdadeiro reino dos filhos de Cham...

Conhecerei eu ainda a natureza? Conhecerei a mim mesmo? - Palavras demais. Eu enterrei os mortos no meu ventre. Gritos, tambores, dança, dança, dança, dança! Mal posso esperar a hora em que, os brancos desembarcados, eu cairei no nada.

Fome, sede, gritos, dança, dança, dança, dança!


****

Os brancos desembarcam. O canhão! Mister submeter-se ao batismo, vestir-se, trabalhar.

A graça me trespassa o coração. Ah!, eu não previa.

Nada fiz de mal a ninguém. Os dias me serão leves, serei poupado da expiação. Eu não haveria de sofrer as tormentas do bem sobre a alma moribunda, de onde emana a luz severa das velas funerárias. A sorte dos filhos de família, caixão prematuro recoberto de límpidas lágrimas. Sem dúvida a libertinagem é bestial, o vício é bestial; deve-se descartar toda podridão. Mas jamais o relógio ressoará nada além da hora da mais pura dor! Sofrerei a ascese das crianças, para folgar no paraíso ao abrigo de toda míséria!

Rápido! Haverá outras saídas? - O sono conciliado na riqueza é impossível. A riqueza sempre foi bem público. Só o amor divino outorga as chaves da ciência. Vejo que a natureza é mesmo um espetáculo de bondade. Adeus quimeras, erros, ideais.

O canto razoável dos anjos se eleva do navio salvador: é o amor divino - Dois amores! Eu pude morrer de amor terrestre, morrer de devoção. Deixei para trás almas cuja pena aumentará com minha partida! Vós me escolhestes dentre os náufragos. Os que ficam não são meus pares?

Salvai-os!

A razão nasceu em mim. O mundo é justo. Eu abençoarei a vida. Eu amarei meus semelhantes. Ei-los, meus votos. Não são promessas de criança. Nem esperanças de furtar-me à velhice e à morte. Em Deus está minha força e eu louvo a Deus.


****


O tédio não é mais meu bem amado. As iras, as libertinagens, a loucura cujos elãs e desastres conheço - todo o meu fardo cai por terra. Apreciemos sem vertigem a amplidão de minha inocência.

Já não seria mais capaz de clamar pelo refrigério de uma paulada. Não acredito que embarco com destino ao himeneu, com Jesus Cristo como padrinho.

Eu não sou mais prisioneiro da minha razão. Eu disse: Deus, eu almejo a liberdade na salvação; como buscá-la? As frivolidades me abandonaram. Inúteis tornaram-se a devoção e o amor divino. Não me faz falta o século dos corações sensíveis. A cada qual sua razão, desprezo e caridade: eu retenho meu lugar nos píncaros desta angelical escala do bom senso.

Quanto à bondade estabelecida, doméstica ou não... não, eu não posso mais. Dissipo-me demais, sou frágil demais. A vida frutifica pelo trabalho, velha e boa verdade: já a minha não é suficientemente pesada. Ela evola e paira acima da ação, este estimado aspecto do mundo.

Vejam só como já estou virando uma meninota, perdendo a antiga coragem de amar a morte!

Se Deus me concedesse a calma celeste, aérea, a prece - como aos antigos santos. - Os santos! os fortes! os anacoretas! os artistas de verdade, hoje inúteis!

Farsa contínua! Minha inocência me faria chorar. A vida é uma farsa que todos devem sustentar.


****

Basta! Eis a punição. - Em marcha!

Ah, os pulmões queimam, as têmporas estalam! a noite revolve-se nos meus olhos, impelida por este Sol! o coração... os membros...

Para onde seguimos? Ao combate? Estou frágil! os demais avançam. As ferramentas, as armas... o tempo!...

Fogo! o fogo me envolve! Lá! Lá, onde me rendo. - Covardes! - Eu me mato! Me atiro e me espatifo sob os pés da cavalaria!

Ah!...

- Hei de me acostumar.

Será esta a vida francesa, a vereda da honra!

****

Segundo fragmento de "Une saison en enfer" (Uma estadia no inferno), publicado em 1873, dois anos depois de desmantelada a Comuna de Paris. Traduzido por Geni a partir da edição Rimbaud - poésie complètes. Le livre de Poche. Librairie Générale Française, 1984.

sábado, 8 de maio de 2010

Marxismo e Totalidade


Livro (em inglês) de Martin Jay - Marxism and Totality: Adventures of a Concept from Lukács to Habermas (1986). [pdf; ifile] Link alternativo.
Fonte: http://ebook30.com/

sábado, 1 de maio de 2010

Arqueologias do Futuro


Livro (em inglês) de Fredric Jameson, sobre ficção científica e utopia - Archaeologies of the Future: The Desire called Utopia and Other Science Fictions (2005). [pdf; ifile] Link alternativo [mediafire].
Fonte: http://ebook30.com/

sábado, 24 de abril de 2010

Correspondência de Walter Benjamin


Livro (em inglês) de Walter Benjamin - The Correspondence of Walter Benjamin, 1910-1940 [pdf].
Fonte: http://ebook30.com/

sábado, 17 de abril de 2010

Entrevista com David Harvey

Entrevista com David Harvey [vídeo], com legendas em português (12/04/2010).

sábado, 10 de abril de 2010

A batalha socialista


La Bataille Socialiste - site com informações e documentos sobre marxismo.

sábado, 27 de março de 2010

Crítica da Razão Pura


Livro (em inglês) de Theodor W. Adorno - Kant's Critique of Pure Reason (1995) [djvu]. O livro é a transcrição do curso de Adorno sobre a Crítica da Razão Pura, de Kant, ministrado em 1959.
Mera curiosidade: consta que Adorno leu a Crítica da Razão Pura pela primeira vez aos 15 anos de idade, nas tardes de sábado, junto com Siegfried Kracauer, que o guiava na leitura.

sábado, 13 de março de 2010

Revolta e Melancolia


Livro (em inglês) de Michael Löwy e Robert Sayre - Romanticism Against the Tide of Modernity [pdf]. O original francês, Révolte et Mélancolie: Le romantisme à contre-courant de la modernité, foi publicado em 1992.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Sinal de menos


Revista eletrônica Sinal de Menos - o número 4 traz entrevista com José Antonio Pasta Jr. e, do mesmo autor, o ensaio "Volubilidade e ideia fixa (o outro no romance brasileiro)".

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Heiner Müller - A libertação de Prometeu




Abaixo, poema de Heiner Müller. Trata-se de um excerto de "Zement", extraído de Geschichten aus der Produktion 2, Rotbuch/Verlag der Autoren, 1979, pp-84-86. A versão em português foi transcrita a partir da tradução de Walter Schorlies e faz parte da coletânea de textos teatrais, contos, anotações, poemas e peças do autor chamada Medeamaterial e outros textos, publicada pela Paz e Terra em 1993.


A libertação de Prometeu

Prometeu, que entregou o raio aos homens,
mas não lhes ensinou
como usá-lo contra os deuses,
porque participava das refeições dos deuses,
as quais,
divididas com os homens,
ficariam menos abundantes,
foi, por causa da sua omissão,
por ordem dos deuses,
por Efesto, o ferreiro,
fixado ao Cáucaso,
onde uma águia de cabeça de cão
comia diariamente
do seu fígado, que crescia sem cessar.
A águia, que o tomou por um pedaço
de rocha
parcialmente comestível,
capaz de pequenos movimentos
e de cantigas dissonantes
especialmente quando se comia dela,
defecou também sobre ele.
As fezes eram seu alimento.
Ele as passava adiante,
transformadas em suas próprias fezes,
para a pedra debaixo de si,
de maneira que,
três mil anos depois,
quando Héracles, o seu libertador,
subia a montanha despovoada,
já podia enxergar o algemado,
refletindo o brilho alvo das fezes da ave,
de uma longa distância,
mas,
repelido repetidamente
pelo muro do fedor,
circunvolteou a montanha por mais três mil anos,
enquanto a cabeça de cão
continuava a comer o fígado do algemado
e o alimentava com suas fezes,
de maneira
que o fedor aumentava
na mesma medida
em que o liberador se acostumava a ele.
Finalmente,
beneficiado
por uma chuva
que durou quinhentos anos,
Héracles pôde se aproximar
a uma distância de tiro.
Neste procedimento, ele tapava o nariz com uma mão.
Três vezes não acertou a águia
porque ele,
atordoado pela onda do fedor,
que caía sobre ele
quando tirava a mão do nariz
para retesar o arco,
fechava os olhos involuntariamente.
A terceira flecha feriu o algemado levemente no pé esquerdo,
a quarta matou a águia.
Contam
que Prometeu chorava alto por causa da ave,
sua companheira de três mil anos
e seu sustento por duas vezes mil.
Devo comer as suas flechas,
ele gritava,
esquecendo de que conheceria outros alimentos:
Você sabe voar,
camponês,
com seus pés de bosta?
E ele vomitava
por causa do cheiro do estábulo que se fixara em Héracles
desde que ele limpou os estábulos de Augias,
porque a bosta fedia até os céus.
Coma a águia, disse Héracles,
mas Prometeu não conseguia captar
o sentido de suas palavras.
Também sabia muito bem
que a águia fora a sua última ligação com os deuses,
e que suas bicadas diárias
eram a memória deles nele.
Mais ágil do que nunca em suas correntes,
ele xingou seu libertador de assassino,
e tentou cuspir em sua cara.
Héracles,
curvando-se de nojo,
procurava enquanto isso as algemas
com as quais o furioso estava ligado a sua prisão.
O tempo, o clima e as fezes haviam tornado
carne e metal indistinguíveis
e ambos da pedra.
Afrouxados pelos movimentos violentos do algemado,
eles tornaram-se, então, reconhecíveis.
Constatou-se que eles foram corroídos pela ferrugem.
Somente no sexo a corrente juntou-se à carne,
porque Prometeu, ao menos
nos primeiro dois mil anos na pedra,
de vez em quando ainda se masturbava.
Mais tarde,
provavelmente
ele também esquecera o seu sexo.
Da libertação ficou uma cicatriz.
Facilmente
Prometeu teria podido libertar-se, ele mesmo,
caso não tivesse tido medo da águia,
sem armas e exausto dos séculos
como estava.
Que ele tinha mais medo da liberdade
do que da ave,
mostra seu comportamento durante a libertação.
Gritando e espumando de raiva,
com dentes e unhas
defendeu suas correntes
contra a investida do libertador.
Liberado,
de quatro sobre as mãos e os joelhos
chorando na tortura do movimento
com seus membros entorpecidos
ele gritou por um lugar tranquilo na pedra,
debaixo das asas da águia,
sem nenhuma mudança do local
além das decretadas pelos deuses
através de terremotos
ocasionais.
Mesmo quando já podia andar erguido
opôs-se
à descida
como um ator
que não quer sair de seu palco.
Héracles teve de carregá-lo nos ombros
montanha abaixo.
Mais três mil anos demorou a descida até os homens.
Enquanto os deuses arrancavam a montanha do chão,
de maneira que a descida
parecia mais uma queda
por causa do turbilhão das pedras,
Héracles carregava sua presa preciosa,
aconchegada a seu peito, como uma criança,
para que não sofresse danos.
Pendurado no pescoço do libertador,
Prometeu indicava-lhe a direção dos projéteis,
com voz baixa,
de modo que eles puderam evitar a maioria deles.
Nesse entretempo ele reafirmava,
gritando alto contra o céu
escurecido pelo turbilhão da pedras,
a sua inocência da libertação.
Seguiu-se o suicídio dos deuses.
Um a um, jogavam-se do seu céu,
sobre as costas de Héracles
e esmagavam-se nas pedras.
Prometeu esforçou-se
para voltar a seu lugar no ombro do libertador,
e assumiu a postura do vencedor,
que sobre o cavalo encharcado de suor
cavalga de encontro ao júbilo da população.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

César Vallejo


Obras de César Vallejo [em espanhol] - Obra poética completa ; Novelas y cuentos .
Fonte: letras peruanas y universales

César Vallejo - Obra Poética [audiobook]

Mais conhecido pelo vanguardismo do livro Trilce (1922), o poeta peruano César Vallejo (1892-1938) aproximou-se do marxismo e foi amigo de José Carlos Mariátegui, fundador do Partido Socialista do Peru (que mais tarde se transformaria no Partido Comunista Peruano). Vallejo chegou a fazer três viagens à Rússia, de que resultaram os livros Rusia en 1931 e El Arte y la Revolución. Vallejo publicou também um romance proletário, El Tungsteno (1931), sobre a exploração de índios em uma mina dos Andes.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

O Jovem Hegel

Livro (em inglês) de György Lukács - The Young Hegel (1948) [4shared, djvu]

domingo, 31 de janeiro de 2010

Marxismo e Filosofia

Livro (em espanhol) de Karl Korsch - Marxismo y Filosofía (1923). A edição espanhola traz prólogo de Adolfo Sánchez Vázquez. [ifile - clicar em "request a download ticket" e esperar aparecer o link para download]

Publicado no mesmo ano de História e Consciência de Classe, o livro de Korsch tem em comum com o de Lukács a revitalização do arcabouço hegeliano do marxismo e a crítica à teoria do reflexo, embora as duas obras tenham sido elaboradas de maneira independente. Ambos os livros foram condenados no V Congresso da Terceira Internacional e costumam ser vistos como obras fundantes do marxismo ocidental. Mas, para além das coincidências, as diferenças entre elas são substanciais - sobretudo, Korsch não atribui à teoria da reificação a importância que esta tem para Lukács. Além disso, como é dito na apresentação da ed. brasileira, recentemente publicada, "Marxismo e Filosofia carece da exaustiva fundamentação filosófica sobre a qual se ergue História e Consciência de Classe; sobretudo, há algo que as distingue essencialmente: a apreensão das mediações entre teoria e práxis (nomeadamente a práxis política revolucionária)."

Resenha de Marxismo e Filosofia, por Ricardo Musse (originalmente publicada no Jornal de Reenhas, 1998).

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Depois da Teoria


Livro (em espanhol) de Terry Eagleton - Después de la Teoría. [pdf]

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

sábado, 23 de janeiro de 2010

Tempos de Lukács

Entrevista de György Lukács ao semanário alemão Der Spiegel (1970) [em português].

Entrevista de István Mészáros - Tempos de Lukács e nossos tempos: socialismo e liberdade (originalmente publicada em 1984).

Fonte: Verinotio revista on-line

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Entre o Existencialismo e o Marxismo


Livro (em inglês) de Jean-Paul Sartre - Between Marxism and Existentialism (compilação de ensaios e entrevistas).

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Entre Quatro Paredes

Duas peças de Jean-Paul Sartre (em francês) - Huis Clos, suivi de Les Mouches.

domingo, 17 de janeiro de 2010

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Reflexões sobre o debate Brecht-Lukács

Ensaio de Fredric Jameson sobre o debate entre Brecht e Lukács (em espanhol) - El debate entre realismo e modernismo [pdf]. Fonte: Youkali
Ensaio originalmente publicado, sob o título "Reflections in conclusion", como posfácio ao volume Aesthetics and Politics (Verso, 1977) e depois republicado como "Reflections on the Brecht-Lukács Debate", em The Ideologies of Theory.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

A Ópera dos Três Vinténs


Filme de G. W. Pabst - Die Dreigroschenoper (1931), com roteiro de Béla Balázs e outros, adaptando a peça de Bertolt Brecht e Kurt Weill. Com legendas em inglês. [rapidshare]
Baixar todas as partes e extrair, com Winrar, os arquivos de imagem de DVD (.iso) [2 DVDs, 7.96 GBs / 8.13 GBs]. Os arquivos .iso podem ser gravados em DVD-DL ou emulados com DaemonTools.

Também em DVD-Rip (avi). [A página inclui link para legendas em inglês.]

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Os Carrascos Também Morrem



Filme de Fritz Lang - Hangmen Also Die! (1943), com roteiro de Bertolt Brecht. [mpg4] [Baixar todas as partes e descompactar com Winrar.] Em inglês. Legendas aqui.