terça-feira, 10 de fevereiro de 2009
William Blake
"Blake cresceu num ambiente cristão de classe média baixa. Mas a cultura de que ele emergiu foi uma das mais preciosas que a Grã-Bretanha produziu, na qual artesãos jacobinos e livreiros republicanos se acotovelavam com pregadores dissidentes e filósofos ocultistas; o país era efetivamente um estado policial, cheio de espiões e amotinados famélicos. O próprio Blake foi julgado por sedição e foi absolvido, tendo supostamente gritado em público: 'Maldito o Rei e seu país!'
A política de Blake não era apenas uma questão de wishful thinking, como são tantos dos esquemas radicais de hoje. Do outro lado do Atlântico uma grande revolução anti-colonial havia sustentado a promessa de liberdade, e para o deleite do poeta outra revolução havia explodido nas ruas de Paris. Juntas, elas prometiam pôr fim ao domínio do Estado e da Igreja - 'a Besta e a Prostituta', como Blake os entendia.
Hoje a política é principalmente uma questão de gerenciamento e administração. Blake, ao contrário, entendia o político como sendo inseparável da arte, da ética, da sexualidade e da imaginação.
A energia captada nas aquarelas e gravuras de Blake é sua resposta ao pensamento mecanicista. Numa terra de sombrios moinhos satânicos, a exuberante inutilidade da arte era um escândalo para os pragmatistas cabeçudos.[...] Os anglicanos de classe média que cantam seu grande hino 'Jerusalem' estão, sem saber, celebrando um futuro comunista."
(Trechos [em tradução livre] de artigo de Terry Eagleton - The original political vision: sex, art and transformation [The Guardian, 2007].)
Obras de Blake (livros iluminados e gravuras)
William Blake Online (Tate)
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